A 16ª Cúpula do BRICS foi encerrada no noite de quinta-feira (24) em Kazan, na Rússia, e, como esperado, os líderes Vladimir Putin e Xi Jinping não conseguiram incluir a Venezuela e a Nicarágua na lista de 13 países que serão considerados associados “parceiros” do bloco de emergentes. As das nações foram vetadas pelo Brasil, contrariando as vontades dos presidentes russo e chinês, que gostariam de acelerar a expansão do grupo.
Na seleção de potenciais parceiros, que serão confirmados nos próximos meses, entraram países reconhecidos pelas rivalidades com os Estados Unidos, como Cuba e Bolívia, e o aliado direto da Rússia na guerra contra a Ucrânia, Belarus.
Putin e Xi tentaram abrir as portas para a Nicarágua e para a Venezuela, o que foi objetado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva por recentes desentendimentos com os ditadores Daniel Ortega e Nicolás Maduro, outrora amigos próximos do petista. Nem a presença de última hora do ditador Nicolás Maduro conseguiu evitar a exclusão.
Putin defendeu um tratamento objetivo entre os países, mas explicou que a adesão da Venezuela ao BRICS depende do Brasil. “Temos uma regra de consenso para adotar novos associados ao BRICS, precisamos de um acordo entre os membros. É impossível sem consenso”, disse o russo em entrevista coletiva.
Ele fez questão de dizer que a Venezuela está “lutando por sua soberania” e que avisou a Lula, por telefone, que discorda da posição do petista. Maduro, por sua vez, deixou de cumprimentar em público a delegação de Brasília, durante seu discurso na plenária, e deu o recado de que seu país já faz parte da “família do BRICS”.
Mas o regime fez duras críticas ao veto do Brasil à sua entrada no bloco, caracterizando a atitude como um “gesto hostil” e uma “agressão”.
“A Venezuela contou com o respaldo e apoio dos países participantes nesta cúpula para a formalização de sua entrada neste mecanismo de integração, mas a representação da chancelaria brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que (o ex-presidente Jair) Bolsonaro aplicou contra a Venezuela durante anos”, declarou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em comunicado.
Rusgas recentes
De acordo com o Itamaraty, entre as condições avaliadas para a adesão ao grupo, estavam relevância política, equilíbrio na distribuição regional dos países, alinhamento à agenda de reforma da governança global, inclusive do Conselho de Segurança da ONU, rejeição a sanções não autorizadas pelas Nações Unidas no âmbito do conselho, e relações “amigáveis” com todos os membros.
Brasil e Venezuela retomaram as relações bilaterais em janeiro de 2023, depois da ruptura diplomática ocorrida em 2019 pelo reconhecimento de Bolsonaro ao opositor Juan Guaidó como presidente interino do país vizinho, mas a relação de Lula e Maduro ficou tensa após as eleições presidenciais da Venezuela.
O petista tem insistido que o processo eleitoral não foi correto e, por isso, até agora não reconheceu os resultados. Quando manifestou preocupação sobre a escalada de autoridade de Maduro, o ditador venezuelano, em indireta a Lula, mandou os preocupados “tomarem chá de camomila”.
Mais recentemente, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, lançou acusações infundadas de que Lula, bem como o presidente do Chile, Gabriel Boric, seria a agente cooptado pela CIA, dos Estados Unidos.
Já com a Nicarágua, as relações azedaram desde o ano passado, mas a crise chegou ao pior ponto em agosto, depois de o governo sandinista de Daniel Ortega expulsar o embaixador brasileiro. Em resposta, o Brasil expulsou a embaixadora nicaraguense do País.
O ditador entendeu que o Brasil boicotou a cerimônia de celebração dos 45 anos da Revolução Sandinista porque o petista não enviou seu representante no país ao convescote na Praça da Fé, em 19 de julho passado.
Sul Global
O BRICS, convertido numa das principais expressões do Sul Global somava 33 manifestações de interesse de países candidatos a ingressar na associação. Putin afirmou que o grupo permanece “aberto” aos países que compartilham dos mesmos princípios – entre eles, alinhamento à agenda de reforma da governança global, inclusive do Conselho de Segurança da ONU, e de instituições financeiras, e a rejeição das sanções impostas sem aval do conselho.
Na coletiva de imprensa do encerramento da cúpula, Putin afirmou que a reunião do BRICS serviu para ressaltar “determinação coletiva de se opor à prática de impor sanções ilegais e tentativas de erodir valores morais tradicionais”.
Da Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
(Com informações do Estadão Conteúdo)
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no X(abre em nova janela)
- Mais
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Mastodon(abre em nova janela)