Embora o PT tenha mantido apenas uma cadeira na Câmara, quando a meta do partido nesta eleição de 2024 era ao menos dobrar o número de vagas para a próxima legislatura, a vereadora reeleita Lenir de Assis (PT) não considera como negativo o desempenho da sigla do presidente Lula na eleição ao legislativo londrinense.
Reeleita para o quarto mandato (o segundo consecutivo), ela quase dobrou a votação obtida em 2020. Foi a quinta mais votada, com mais de 4,7 mil eleitores. No entanto, os demais candidatos da Federação PT/PCdoB/PV não fizeram votos o suficiente para aumentar a bancada. Apenas os três primeiros suplentes, todos do PT, conseguiram mais de mil votos cada.
Em entrevista ao Paraná Norte, a assistente social ligada a movimentos sociais da Arquidiocese de Londrina analisa cenário político na cidade e lamenta a queda da representatividade feminina na Casa. De sete vereadoras atualmente, serão cinco em 2025-2028: ela, Jessicão (PP) e Professora Flávia Cabral (PP), reeleitas, além de Michele Tomazinho e Anne Ada, ambas do PL.
O PT continua com apenas uma cadeira na Câmara, mas a senhora foi reeleita com quase o dobro da votação de 2020. Como avalia a eleição?
Eu vejo um crescimento muito grande do PT, do campo da esquerda, tivemos uma campanha muito envolvente e participativa. Fiz 2,5 mil votos na última eleição e agora quase cinco mil, e com uma ampla participação. E garantir a vaga na Câmara era um desafio, considerando a nova lei eleitoral, que necessariamente exige o quociente eleitoral e o percentual para que o vereador ou a vereadora seja eleita. Mas tivemos uma candidatura, especialmente de mulheres, que as alçou a grandes lideranças comunitárias, e isso por si só já é um avanço no PT, que agora continua, por meio do nosso mandato, da organização partidária, a debater os grandes problemas da cidade, sobretudo no campo das periferias, dos mais vulneráveis, dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. A gente vem para o quarto mandato e recebe esses votos com muita honra, muito orgulho, mas com muito comprometimento e zelo por cada pessoa que confiou o seu voto.
E a nova legislatura? A senhora continua sendo a única de esquerda, são duas mulheres a menos…
O fato de termos reduzido o número de mulheres, penso que é uma perda muito significativa, e quatro mulheres valorosas, que têm posturas diferentes, mas que trabalham, fiscalizam e exercem o seu papel de vereança na cidade [Dani Ziober, Lu Oliveira, Mara Boca Aberta e Professora Sonia Gimenez]. Espero que os novos vereadores e as novas vereadoras venham para a Casa respondendo aos anseios da comunidade e que possam de fato trazer o debate da cidade para cá e que a gente possa votar projetos que beneficiem a classe trabalhadora, os mais pobres, os excluídos e todas as pessoas que precisam do poder público para que tenham dignidade em suas vidas.
Como a senhora explica ter tido sua maior votação e ao mesmo tempo o PT ficando em último lugar na eleição majoritária, com uma rejeição grande ainda?
Isso é uma opção da cidade. O PT governou essa cidade por três mandatos [1993-1996 e 2001 a 2008], três grandes mandatos, e qualquer cidadão que ande por Londrina ou que venha para cá vê que tem recursos do governo federal nas gestões anteriores do presidente Lula [2003-2010] e da presidenta Dilma [2011-2016], e agora retornando no terceiro governo Lula, seja na saúde, na assistência social, na habitação, na infraestrutura. Foram sete candidatos a prefeito e apenas a do PT de esquerda, todos os demais são candidatos de direita, e as pessoas optaram por essa filosofia de governo. A gente vai continuar dialogando com a população, mostrando que é importante que o nosso partido seja entendido como um partido que defende os trabalhadores, os mais pobres, que tem um programa de governo por excelência. E nas próximas eleições o PT certamente vai disputar e esse resultado pode e será bem melhor.
Da Redação
Foto: Fernando Cremonez/CML