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Em busca de alianças com ex-adversários, Tiago Amaral e Maria Tereza tentam marcar posição no antipetismo

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Em um segundo turno que está deixando de lado as propostas para a administração da cidade e foca uma guerra de narrativas ideológicas entre quem é direita e quem é esquerda, Tiago Amaral (PSD) e Maria Tereza (PP) tratam de ir atrás do apoio de adversários do primeiro turno para sair à frente na corrida à Prefeitura de Londrina.

Tercilio Turini (MDB), Diego Garcia (Republicanos) e Coronel Villa (PSDB) já foram sondados nesse sentido. Isabel Diniz (PT) até tentou dar apoio espontâneo à pepista, mas foi “cancelada” pela candidata do prefeito Marcelo Belinati (PP) para se descolar da pecha de “comunista” que os adeptos do adversário querem lhe impingir.

Terceiro mais votado, com quase 25 mil votos, Tuirini é cortejado pelos dois lados. Tanto Tiago Amaral como Maria Tereza o procuraram nesta semana para tratar de possíveis alianças, mas ele afirmou que depende de conversas com a cúpula do partido no Estado, correligionários es outras duas siglas que compuseram sua coligação (PRTB e PSB) para definir de que lado estará. “Antes de segunda-feira (14) não temos como nos posicionar”, afirmou à reportagem, lembrando que em Curitiba, onde também haverá segundo turno, o MDB está coligado com o PSD, do candidato a prefeito Eduardo Pimentel.

Já o deputado federal, que terminou em quarto lugar, com 22,7 mil votos, se antecipou ao se manifestar publicamente pela neutralidade na disputa, mas liberando candidatos do partido e seus eleitores a escolherem o apoio conforme suas convicções. A fala de Garcia, presidente do Republicanos em Londrina, ocorreu no mesmo dia em que três vereadores reeleitos pelo partido anunciaram apoio a Tiago Amaral: Deivid Wisley, o mais votado na história da cidade (16.212 votos), Chavão e Emanoel Gomes. Chamou a atenção no evento realizado no comitê do candidato do PSD na última terça-feira (8) a presença do ex-secretário de Governo da atual gestão de Marcelo Belinati (PP), Marcelo Canhada (Republicanos).

Coronel Villa, por enquanto, é o único a tomar partido. O sexto colocado no primeiro turno, com quase 11,9 mil votos, gravou vídeo ao lado de Maria Tereza dizendo que apoiará a pepista, destacando entre seus “atributos” o fato de ser de direita. A posição do militar reformado desagradou a setores do próprio PSDB, que defendem aliança com Amaral, uma vez que a militância digital mobilizada na campanha do deputado tem colado a pecha de “esquerdista” na candidata do prefeito Marcelo Belinati.

Esquerda, não

Aliás, o embate ideológico chegou a causar saia justa na campanha de Maria Tereza no dia seguinte à eleição em primeiro turno no último domingo (6). A candidata do PT, Isabel Diniz, última colocada, com quase 9 mil votos, se pronunciou nas redes sociais apoiando a ex-secretária municipal “contra o bolsonarismo”. Foi a deixa para os apoiadores de Amaral invadirem  o ambiente virtual para dizer que “o outro lado” está com o PT – partido de alta rejeição na cidade.

Maria Tereza “mordeu a isca” e instantes depois do post de Isabel também usou suas redes sociais para rechaçar o apoio do Partido dos Trabalhadores. Como se vê, a agenda dos dois candidatos à sucessão de Belinati está ocupada com questões que passam ao largo do debate que o londrinense gostaria de ver: como ambos pretendem promover o desenvolvimento da cidade.   

“Polarização é péssima numa campanha municipal”

Trazer a polarização nacional entre direita x esquerda para a campanha municipal é tudo de que Londrina não precisa e nem merece na disputa pela sucessão de Marcelo Belinati (PP) na Prefeitura. É o que avalia o cientista político e professor na UEL (Universidade Estadual de Londrina), Elve Cenci. 

Ele afirma que o foco do debate deve ser as pautas que interessam ao cidadão londrinense. “Se você consegue um discurso ilusório de um antagonismo direita x esquerda, isso esvaziaria o discurso prático da campanha, ou seja, o foco naquilo que interessa, que é o debate sobre propostas, e viraria uma polarização como tem sido a política nos últimos anos […], o que é péssimo para a campanha, porque numa eleição municipal nós temos que discutir quem tem as melhores propostas para enfrentar problemas importantes do município, e não quem é mais de esquerda, mais de direita”, afirma, acrescentando que a aposta na polarização tem sido a tática da extrema-direita no Brasil.

Tereza “cancela” candidata do PT

“Tudo o que a campanha do Tiago Amaral quer, até em função do Filipe Barros, pelo fato de eles terem tentado construir uma identidade de extrema direita pró-Bolsonaro, é exatamente que a Maria Tereza dê uma brecha para que eles possam identificá-la com o petismo”. A análise do cientista político e professor na UEL (Universidade Estadual de Londrina) Elve Cenci pode explicar as reações a qualquer aliança que envolva o PT em Londrina.

No início da semana, Maria Tereza (PP) rejeitou o apoio manifestado pela candidata petista Isabel Diniz, que em suas redes sociais justificou sua posição como enfrentamento ao bolsonarismo representado pela candidatura de Tiago Amaral. A reação da pepista foi uma resposta à militância digital de Amaral, que voltou a invadir as redes para reforçar a associação da campanha dela ao PT.  

“Não faremos conchavos, não quero apoio do PT ou jogadas políticas. Quero o apoio do eleitor que vive em Londrina e precisa de uma prefeita transparente, ficha limpa e que cuide das pessoas e da nossa amada cidade!”, escreveu Maria Tereza, em post editado duas vezes.

Apoio de Villa à candidata do PP irrita PSDB

A narrativa de que um dos lados da campanha eleitoral em Londrina “é de esquerda”, conforme prega a militância bolsonarista nas redes sociais, também mobilizou os tucanos londrinenses.

Coronel Villa (PSDB), que durante a campanha no primeiro turno dizia que Tiago Amaral era filiado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) antes de migrar para o PSD, manifestou apoio à candidata Maria Tereza (PP) em vídeo gravado junto com ela.

“Uma candidata de direita, que cultiva os valores da família e é cristã, uma mulher de fé, ficha limpa e antissistema. Todos sabem da perseguição que sofri quando comandei o 5º BPM e assim sendo é uma pessoa [Maria Tereza] na qual nós podemos confiar”, disse o coronel reformado, que é desafeto declarado de Amaral, a quem responsabiliza por sua transferência do comando do 5º Batalhão de Polícia Militar, em 2023.

A manifestação dele irritou filiados e correligionários do PSDB em Londrina, que veem a candidatura do PP como uma aliada do PT. A ponto de o presidente da sigla na cidade, Gustavo Richa, também postar um vídeo nas redes sociais para dizer que o posicionamento de Villa não é o do partido.  “Quando assumi o partido, há um ano, o objetivo do nosso grupo era montar um partido de direita porque esse é o meu posicionamento na minha vida particular e é esse o posicionamento que quero levar a toda a cidade. Sendo assim, não posso deixar que brigas particulares interfiram na nossa linha de posicionamento. Então, para deixar bem claro, onde houver apoio do PT nós estaremos do outro lado”, afirmou Richa, que integrou a atual gestão de Marcelo Belinati (PP) como coordenador-geral do Procon.

Por Diego Prazeres

Foto: Heloísa Gonçalves e Divulgação

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