PSD tem maioria dos prefeitos eleitos
Apesar de ainda não garantir vitórias em Curitiba, Londrina e Ponta Grossa e de ter perdido em Maringá – os quatro maiores colégios eleitorais do Estado –, o PSD do governador Ratinho Jr. fez o maior número de prefeituras na eleição municipal deste ano no Paraná: 164 (41%). O PP, do secretário estadual de Indústria e Comércio, Ricardo Barros, fez menos da metade, com 61 eleitos no primeiro turno – incluindo o irmão dele, Silvio Barros II, em Maringá. A seguir, vêm PL, de Jair Bolsonaro, com 52, MDB, 30, União Brasil, 29, e Republicanos, 16. O melhor desempenho da centro-esquerda foi do PSB, que venceu em 14 cidades. O PT, de Lula, só elegeu três prefeitos.
Nenhum Belinati na Câmara
A derrota de Tales Belinati (PP), primo do prefeito Marcelo (PP), na eleição para a Câmara de Londrina no último domingo (6) revelou um fato histórico. Pela primeira vez desde que Antonio Belinati iniciou sua trajetória política como vereador, em 1969, o clã ficará duas legislaturas seguidas (ou oito anos) sem um representante no legislativo. Nunca antes na história desta cidade. Em 2020, o então vereador Guilherme Belinati (PP), neto de Antonio e primo de segundo grau de Marcelo, não conseguiu se reeleger.
Longa dinastia
Já aconteceu de os Belinati ficarem ausentes na Câmara em duas legislaturas, mas em períodos distintos: 1993-1996 (Antonio era deputado estadual) e na de 2001-2004 (o ex-prefeito fora cassado em 2000). Depois de Antonio Belinati iniciar a “dinastia” na vereança, também já exerceram o cargo no legislativo municipal Waldmir Belinati (1973 a 1983), Roberval Belinati (1983 a 1988), José Belinati (1989 a1992 e em 2000), Marcelo Belinati (2005 a 2012), Marcos Belinati (2013 a 2016) e Guilherme Belinati (2017 a 2020).
Mara Boca Aberta: mais votos do que oito eleitos
Dos seis vereadores de Londrina que não conseguiram se reeleger na eleição do último domingo (6), a mais votada foi Mara Boca Aberta (PMB), que obteve 3.294 votos – mais do que oito candidatos que conseguiram se eleger (Emanoel Araújo, Roberto Fú, Mestre Madureira, Matheus Thum, todos reeleitos, e Anne Ada, Régis Choucino, Marinho e Sidnei Matias). Ela não entrou por conta do quociente eleitoral, ou seja, o partido não fez votos suficientes para garantir uma cadeira na Câmara. Em 2020, Mara foi a vereadora mais votada da cidade, com 6.192 votos.
“Me sinto vitoriosa”
A vereadora disse ao Paraná Norte que sai da eleição “vitoriosa”, mencionando que a impugnação de sua candidatura pela 41ª Zona Eleitoral de Londrina, devido ao processo de mudança partidária, só foi revertida por unanimidade pelo TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral) na sexta-feira 4, antevéspera da votação, o que fez muitos eleitores, segundo ela, não saberem que a candidatura estava valendo. “Isso me prejudicou demais. Lógico que eu precisaria ter feito mais votos, mas se eu estivesse em outro partido teria sido reeleita com a votação que eu fiz. Muitos vereadores, eleitos e não eleitos, tiveram menos votos do que eu mesmo tendo toda estrutura, apoio e tempo de TV. Por tudo isso não me sinto derrotada, mas sim vitoriosa”, afirmou.
Também ganhou, mas não levou
Aliás, para o cidadão comum, que não entende a fundo as regras eleitorais brasileiras, fica difícil entender como o candidato mais votado não consegue se eleger. Se o quociente eleitoral “puniu” Mara Boca Aberta em Londrina, fez ainda pior com Dr. Odarlone (PT) em Apucarana. Ele foi o campeão de votos na cidade na disputa pela Câmara Municipal, escolhido por 2.407 eleitores, mas não alcançou a votação necessária para uma vaga. O petista somou 32 votos a mais do que o segundo colocado, Moises Tavares (PP), que foi eleito. Ele já havia se candidato a prefeito por Londrina em 2016.
Quociente eleitoral
O quociente eleitoral é a divisão do total dos votos válidos pela quantidade de cadeiras em disputa (no caso da Câmara de Apucarana, 11). E só têm direito à vaga os partidos que atingirem esse número, uma espécie de índice mínimo. O sistema parte do princípio de que o mandato é do partido e não do vereador, o que faz com que as legendas necessitem de um bom desempenho nas urnas. Em Apucarana, partidos bem menores que o PT, como o Agir (duas cadeiras), Solidariedade (uma) e Democracia Cristã (uma), conseguiram ter candidatos eleitos porque o desempenho nas urnas foi proporcionalmente melhor. Com apenas três vereadores reeleitos, a renovação na Câmara de Apucarana foi de mais de 70%.
Não eleitos, mas suplentes
Entre ex-vereadores que tentaram retornar à Câmara de Londrina, Péricles Deliberador (PSD), com 2.118 votos, e Jamil Janene (PP), que somou 2.501, ficaram com a primeira suplência de seus partidos.
Só 7 votos
O candidato a vereador menos votado em Londrina foi Marcio da ONG (Rede), que só conseguiu sete votos. Alexandre Colognhezi (PRD), com 10, e Michel Machado (PSB), 11, completam o pódio dos perdedores.
“Jacaré” é o mais votado
Candidato único na eleição do último domingo (6), o atual prefeito de Bela Vista do Paraíso, na Região Metropolitana de Londrina, Fabrício Pastote (PL), teve a 2ª maior votação proporcional do Brasil e vai seguir no comando do Executivo Municipal pelos próximos quatro anos. Jacaré, como é mais conhecido pelos moradores da cidade, que fica a 50 km de Londrina, recebeu 8.367 dos 9.505 votos válidos depositados nas urnas eletrônicas, o correspondente a 88,03% do total e ficou atrás apenas do prefeito, também reeleito, de Tefé, no Amazonas, Nicson Marreira (União Brasil), que somou 88,71% dos votos válidos.
Se deu mal
O eleitor/cidadão mais atento não deve ter esquecido daquela imagem, veiculada por muitas emissoras de TV, inclusive nacionais, do vereador de Jataizinho, Bruno Barbosa, que, debaixo de um guarda-sol e direto da praia, votou o aumento do próprio salário por uma videochamada. Candidato pelo Cidadania no último domingo, o vereador somou apenas 156 votos (quase metade dos 286 de 2020) e não conseguiu se reeleger para a próxima legislatura.
Reajuste votado da praia
O “caso” foi registrado em janeiro do ano passado, quando os vereadores de Jataizinho convocaram duas sessões extraordinárias para aprovar o reajuste de 5,93% dos próprios salários, do prefeito, vice, secretários municipais e servidores. Além de Barbosa, também participou da sessão remota direto de Balneário Camboriú (SC), o vereador Antônio Brandão, que não tentou a reeleição agora em 2024.
Propaganda liberada
A propaganda política do 2º turno das Eleições Municipais está liberada pela Justiça Eleitoral desde as 17h da última segunda-feira (7). Podem ser usados alto-falantes ou amplificadores de som entre 8h e 22h, além de comícios e utilização de aparelhagem de sonorização fixa das 8h até a meia-noite. Também estão permitidas a distribuição de material gráfico e a realização de caminhadas, carreatas ou passeatas, acompanhadas ou não por carro de som ou minitrio. As regras definidas na legislação e em resoluções da Justiça Eleitoral proíbem qualquer tipo de propaganda, como placas, faixas e outros, em bens públicos e equipamentos urbanos. Também não são permitidas propagandas em locais de uso comum, ainda que privados, como cinemas, lojas, templos e estádios.
Horário eleitoral no rádio e TV
Para quem sentiu falta, a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV voltou nesta sexta-feira (11). Mas, agora só para os dois candidatos à Prefeitura de Londrina que disputam o segundo turno, Tiago Amaral (PSD) e Maria Tereza (PP). Os horários são os mesmos do primeiro turno e estão divididos em dois blocos de 10 minutos (cinco para cada candidato). No rádio, às 7h e ao meio-dia; e na TV, às 13h e às 20h30, de segunda a sábado. Além disso, de segunda a domingo, as duas coligações têm 25 minutos em inserções diárias de 30 e 60 segundos, entre 5h e meia-noite. O horário eleitoral gratuito vai até 25 de outubro (sexta-feira), dois dias antes do segundo turno das eleições. O candidato com a maior votação no primeiro, no caso de Londrina, Tiago Amaral (PSD), tem prioridade para “abrir” a propaganda eleitoral.
Reviravolta e 2º turno em Curitiba
Em Curitiba, após uma disputa apertada no primeiro turno e uma reviravolta de última hora, Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) vão se enfrentar no segundo turno. Apesar de ter sempre aparecido na liderança das pesquisas, Pimentel registrou nos últimos dois levantamentos do Instituto Quaest uma queda de 12%. Já Graeml fez o caminho contrário. Ocupava o 5º lugar na pesquisa de setembro, subiu 20% em apenas 20 dias e assumiu a vice-liderança, desbancando o ex-prefeito e ex-deputado federal Luciano Ducci (PSB). Nas urnas, a diferença entre os dois foi de apenas 21,8 mil votos, com Pimentel somando 33,5% do total e Graeml (PMB) 31,1%.
Duelo de bolsonaristas
O curioso é que quem quiser vencer esse duelo de direita entre “bolsonaristas” na capital do estado, dizem os especialistas, vai ter que buscar votos mais à esquerda, já que Luciano Ducci (PSB), o terceiro colocado no primeiro turno, com mais de 181 votos válidos (quase 20% do total), recebeu o apoio do PT. A primeira pesquisa de intenções de voto para o segundo turno na capital do estado deve ser divulgada na próxima segunda-feira (14).
Surpresa
Aliás, uma explicação para a reação da candidata Cristina Graeml foi o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter permitido que ela usasse o apoio dele na reta final da campanha. A postura de Bolsonaro pegou de surpresa a coligação de Eduardo Pimentel (PSD), já que o vice na chapa é do PL, o ex-candidato ao Senado em 2022 Paulo Martins.
Abstenção em alta em Londrina
Pouco mais de 111 mil londrinenses não foram às urnas no último domingo, número que representa uma abstenção de 27,27%. Na comparação com a eleição municipal de 2020, realizada em plena pandemia e que registrou um recorde de ausentes de mais 97 mil eleitores (25,87%), os números acenderam a luz de alerta na Justiça Eleitoral. Para se ter uma ideia do avanço das abstenções nos últimos três pleitos em Londrina, em 2016 a cidade registrou “apenas” 14,5% de ausentes nas urnas, cerca de 51.300 eleitores. Em Curitiba, o problema também se repetiu e a abstenção no primeiro turno, que cresceu em relação a 2020, foi ainda maior que a de Londrina: 27,74%.
TSE quer investigar
Na direção contrária, os números do País, mesmo que preliminares, mostram que o índice de ausentes caiu de 23,15%, em 2020, para 21,7%, agora em 2024, quase seis pontos acima de Londrina (27,27%). Apesar da queda, a presidente do TSE, ministra Carmen Lúcia, considerou a taxa alta e falou em investigar as causas dessa abstenção.
Abstenção nas eleições municipais desde 1996
2020: 23,15%
2016: 17,58%
2012: 16,41%
2008: 14,5%
2004: 14,2%
2000: 14,9%
1996: 18,3%
Diferença de 61 votos
A eleição para prefeito de Guarapuava, região central do Paraná, foi uma das mais acirradas do País. Denilson Baitala (PL) venceu Dr. Antenor (PT) por míseros 61 votos: 37.180 contra 37.119 (ou 37,37% a 37,31% dos votos válidos). O atual prefeito, Celso Góes (Cidadania), ficou em terceiro lugar, com 23.751 votos (23,87%), enquanto Samuel Ribas (União Brasil) somou 1.449 (1,46%). Quase 105 mil eleitores foram às urnas na cidade.
Da Redação
Foto: Emerson Dias/Arquivo NCom
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