Energias renováveis e tecnologias limpas pautaram encontro ministerial de bloco que reúne maiores economias do planeta
Foz do Iguaçu sediou nesta semana, entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro, a reunião ministerial do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, bloco que reúne as maiores economias do planeta. O evento tratou das políticas de transição energética, energias renováveis e tecnologias limpas, e faz parte da programação prévia do encontro da cúpula dos líderes mundiais, que irá ocorrer em novembro em Belém, no Pará.
O município da Tríplice Fronteira foi o único não capital brasileira a integrar as cidades-sede dos encontros do G20 neste ano e foi escolhido por abrigar a Itaipu Binacional, uma das referências globais em energia renovável. A hidrelétrica é responsável pelo fornecimento de cerca de 10% da energia consumida no Brasil e mais de 80% da energia do Paraguai.
Na reunião em Foz, estiveram presentes ministros e secretários de energia das principais economias do planeta, além de líderes e especialistas do setor. O encontro foi presidido pelo ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira (foto acima), com participação da Itaipu Binacional, que é uma das referências globais no assunto.
Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira (2), ele destacou que mesmo com o forte crescimento de novas fontes de energia renováveis, como solar, eólica e biomassa, as hidrelétricas continuam sendo o motor energético do País. “O pulmão do nosso setor elétrico ainda é as nossas hidrelétricas, [elas] ainda são o motor hídrico da nossa segurança energética”, afirmou Alexandre Silveira, destacando a construção das hidrelétricas de Jirau, Belo Monte e Santo Antônio, nos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a pujança da Itaipu Binacional, que atende a 10% da demanda nacional, garantindo energia elétrica, principalmente, nos momentos em que as outras fontes não podem atender.
Ele também destacou o posicionamento do País nas negociações internacionais sobre o tema da transição energética, especialmente em relação ao financiamento mundial e à necessidade de uma governança global sobre a transição energética.
Silveira ainda comentou sobre o crescimento das matrizes eólica, solar e biomassa e disse que o Brasil está preparado para receber essa nova produção de energia. “Somos o único país transcontinental do mundo que tem 187 mil quilômetros de linhas de alta tensão, interligando 26 estados. E o presidente Lula já deu a ordem de serviço para interligar o último estado da federação, Roraima. Vamos inaugurar a obra, interligando 100% do Brasil ao Sistema Interligado Nacional”, informou.
(Com informações da assessoria de Comunicação da Itaipu Binacional)
Petróleo sintético
O ministro Alexandre Silveira, das Minas e Energia, afirmou que o Brasil já é líder mundial nos biocombustíveis e deve “exportar sustentabilidade” nos próximos anos. Agora, segundo ele, o País caminha para o desenvolvimento de uma nova indústria, com a produção de petróleo sintético para a fabricação de combustível sustentável para aviação, o SAF (Sustainable Aviation Fuel). Na próxima terça-feira (8), o presidente Lula deve sancionar o Projeto de Lei 528/2020 – Combustível do Futuro, que regulamenta o setor.
A primeira planta de SAF do País foi inaugurada em junho deste ano, na Itaipu Binacional. O projeto piloto foi instalado na Unidade de Demonstração de Biogás e BioSyncrude, na Central Hidrelétrica Itaipu. O petróleo sintético é fabricado a partir do biogás. No futuro, o País poderá exportar esse novo combustível e ajudar na descarbonização o setor aéreo.
Políticas públicas
O diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Enio Verri afirmou durante a Reunião Técnica do G20 em Foz do Iguaçu que a hidrelétrica está atuando em consonância com as diretrizes e políticas do governo federal, especialmente, nas ações ambientais em sua área de influência e nas políticas sociais, para que o processo de transição energética seja justo e inclusivo. “A Itaipu está absolutamente vinculada ao debate da transição energética, ao debate de fortalecimento e do financiamento de políticas públicas, que visem favorecer esse período de transição”, afirmou o diretor.
Verri destacou ações como o programa Itaipu Mais que Energia, que ampliou a área de atuação da empresa para os 399 municípios do Paraná e 35 do Mato Grosso do Sul, com uma série de iniciativas socioambientais na região. Em relação às novas matrizes energéticas, além dos biocombustíveis e do petróleo sintético, ele comentou sobre o projeto de produção de energia solar no fio d’água do reservatório, criando uma nova fonte de energia, sem prejudicar o meio ambiente.
Bloco reúne maiores economias mundiais
Composto pelas 20 maiores economias mundiais, além de países da União Europeia e União Africana, o G20 desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais. Em 2024, o Brasil assumiu, pela primeira vez, a presidência do G20 e colocou na pauta prioridades, como a reforma da governança global, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e o combate à fome, pobreza e desigualdade.
Energia limpa
Um dos eventos paralelos realizados em Foz do Iguaçu durante a reunião do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 foi o encontro das comunidades da Clean Energy Ministerial (CEM) e da Mission Innovation (MI-9) com os ministros de Energia dos países integrantes do bloco para elaborar uma agenda focada em ações que visem acelerar a transição global para a energia limpa.
A chefe do secretariado da MI-9, Eleanor Webster, anunciou o lançamento do “Inclusivity Catalyst”, um programa focado em garantir que a inclusão esteja no centro das inovações e ações relacionadas à transição energética, visando atender às necessidades específicas de diferentes regiões.
“Também tivemos uma sessão inteira sobre como a inovação pode ajudar países em desenvolvimento. Além disso, discutimos como a inovação de máquinas pode beneficiar esses países. Plataformas globais, como a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), desempenham um papel crítico em apoiar a colaboração entre diferentes países, incluindo o escalonamento de projetos privados e a inclusão”, afirmou.
Eleanor Webster, chefe do secretariado da Mission Innovation. Foto: Jean Pavão/Itaipu Binacional.
Da Redação
Foto: Marcos Labanca/Itaipu Binacional
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