Se tem uma coisa que todo candidato, independentemente do partido, deseja nessa reta final da campanha é conseguir o voto dos indecisos. E eles são muitos em boa parte das cidades brasileiras, das principais capitais aos municípios de médio porte.
No caso de Londrina, as últimas duas pesquisas para prefeito mostraram que esses eleitores em dúvida sobre qual candidato escolher para o cargo mais importante da cidade podem causar uma reviravolta na eleição. Seja “levantando” um candidato que andava em baixa nas sondagens ou mudando radicalmente o cenário, onde o fim da disputa no primeiro turno já parecia encaminhado.
O que chama atenção nas duas pesquisas é a grande diferença entre os percentuais de indecisos de cada uma. Divulgado no fim da semana passada, faltando pouco mais de uma semana para as eleições, o levantamento do Instituto Multicultural/Folha de Londrina/Paiquerê 91,7 mostrou que no cenário espontâneo, quando os nomes dos candidatos não são citados, quase 22% dos eleitores londrinenses afirmaram não saber em quem votar.
Já o levantamento da Paraná Pesquisas, divulgado três dias antes, mostrava um cenário de indefinição ainda muito maior, com mais da metade dos entrevistados, quase 54%, se dizendo indecisos em relação ao voto para prefeito no dia 6 de outubro.
Não empolgou
Para o analista político e professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Elve Cenci, a grande quantidade de indecisos na eleição londrinense pode ser resultado de uma campanha para prefeito que não “empolgou” o eleitor.
O analista político avalia ainda que a diferença expressiva nos percentuais de eleitores em dúvida das duas pesquisas, revela, claramente, um problema de metodologia. “Alguém está fazendo a pesquisa com a metodologia errada e precisa calibrar isso. Outra situação que eu vejo é que os vereadores até conseguiram envolver as pessoas na campanha. Tem muito carro com adesivo de candidato. Mas, não se percebe o mesmo entusiasmo em relação ao cargo de prefeito. Então, o que também ajuda a explicar esse percentual de indecisos é o fato de que a campanha para prefeito não empolgou”.
Voto útil pode ser fiel da balança
Um clássico na história das eleições brasileiras, o chamado voto útil – para aquele candidato que lidera as pesquisas – avalia o analista político Elve Cenci, tem dois lados: pode ajudar a consolidar o cenário atual e definir a eleição já no primeiro turno ou, ainda, ser determinante para um segundo turno. “Tem aquela história: eu quero votar em quem está na frente para não perder meu voto. Mas tem um outro tipo de voto útil, que eu também já ouvi bastante, que vem daquele eleitor que votaria em determinado candidato, mas que decide votar em outro porque quer o segundo turno”.
Como ganhar o voto dos indecisos
Sobre o que esse eleitor indeciso espera para definir seu voto, Elve Cenci avalia que as pessoas estão se decidindo, cada vez mais, a partir da “recomendação” de figuras conhecidas, que fazem parte do seu círculo social. “Na eleição municipal, os candidatos pensam que são conhecidos. Mas, em muitos lugares da cidade, eles não fazem parte do cotidiano das famílias, especialmente do público que boicota, muitas vezes por razões ideológicas ou religiosas, os meios tradicionais de comunicação. As pessoas se informam pelo WhatsApp, pelo pastor, pela liderança do bairro. E a tendência é que essa definição do voto aconteça agora na reta final, a partir dos conselhos de pessoas que importam para esses eleitores”.
“Tendência é que esses votos se diluam”
O analista político Elve Cenci aposta ainda em uma pulverização dos votos dos indecisos entre os sete candidatos que disputam a Prefeitura de Londrina e diz que uma coisa é certa nestas eleições: sejam 22%, como apontou um instituto de pesquisa, ou 54% como indicou o outro, eles vão ter papel fundamental nos rumos da disputa. “A tendência é que esses votos se diluam. Pode ser que um candidato que acertar na comunicação e chegar a mais eleitores nessa reta final consiga alguma vantagem nessa distribuição dos votos. Esse percentual alto de indecisos também é indicativo de uma boa quantidade de votos brancos e nulos. Então, eu creio que haverá segundo turno”.
Curitiba tem ainda mais indecisos
Na capital do estado, o cenário de indefinição também é uma realidade. Na pesquisa espontânea da Quaest/RPC, divulgada há cerca de duas semanas, os indecisos somaram 60%. Já a sondagem da Radar Inteligência/Portal Banda B, também espontânea e divulgada na semana passada, mostrou que 47,7% dos eleitores curitibanos ainda não sabiam em quem votar para prefeito.
Por Marcos Garrido
Foto: TSE
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