Superando obstáculos com salão de beleza, londrinense participou do Comida Di Buteco ao inventar bolo de torresmo para as clientes
Por Valentina Sieplin*
Fotos: Arquivo Pessoal
A empreendedora londrinense Paola Bonine comanda negócios no ramo da beleza e gastronomia. O sucesso anda ao lado da maquiadora, que hoje tem um salão, ministra cursos de maquiagem e participou de um dos maiores concursos gastronômicos do país, o Comida Di Buteco, com o petisco “Bolorresmo”. Mas nem sempre foi fácil. Para alcançar o sucesso profissional, ela demorou nove anos e encontrou pedras no sapato.
A trajetória dela teve início em 2015, quando Paola abriu um espaço que vendia produtos de beleza e ministrava cursos de maquiagem. “Sempre foi um desafio muito grande, porque não tive um direcionamento e fui fazendo as coisas conforme as clientes iam me apoiando. Fui fazendo cursos e me especializado ainda mais”, ela comenta.

As dificuldades chegaram
Em 2019, veio a oportunidade de ampliar o salão, porque o vizinho ao lado havia se mudado e estava vendendo o terreno. Com medo, mas vontade de crescer, a maquiadora fez um empréstimo para aumentar o salão. Ela instalou uma área gourmet para as clientes fazerem o happy hour e durante oito meses tudo fluiu como o esperado. No entanto, as pedras no caminho começaram a aparecer.
A chegada da pandemia interrompeu os planos de Paola, que havia acabado de fazer um grande investimento e precisava trabalhar para pagá-lo. Além disso, muitas de suas clientes contraíram a Covid-19 e faleceram, inclusive o namorado. Para a empreendedora, parecia que o mundo estava prestes a desabar. “Fiquei com uma depressão, porque tinha a expectativa de passar logo aquela fase. Mas passaram-se meses, depois um ano e aí tudo complicou. O dinheiro do empréstimo acabei usando para pagar o aluguel, porque já não tinha mais recurso para me manter”, recorda.
Naquele momento, a maquiadora passou o dia sentada em frente ao salão e chorou por horas. “E olhando para tudo comecei a pensar numa possibilidade de fazer algo a mais, já que tenho o bar dentro do salão. Em meio a muitas opções decidi fazer torresmo, porque era um petisco que poderia vender em frente ao salão. E foi onde comecei a ter visão de futuro, me deu uma nova razão para sair da depressão, porque comecei a me dedicar a esse novo negócio”.
A partir daí, ela enfrentaria um novo obstáculo: fritar o torresmo. “Tive muitas dificuldades, eu não sabia fritar torresmo, um dia saía murcho, outro, gorduroso, duro. Enfim, os próprios clientes começaram me dar dicas e fui melhorando dia após dia”. Paola nunca chegou a fechar o salão, apesar de atender os protocolos sanitários necessários frente à Covid-19, as clientes ficaram receosas e deixaram de ir ao estabelecimento. Mas, com o petisco à mão, ela precisava divulgar o novo negócio.
Sem a família, isso não seria possível. “Meu irmão, o Luizinho, é meu alicerce, ele que me incentivava e ficava lá na frente gritando – ‘olha o torresmo frito na hora’ – e isso deu muito resultado no início. Ele também trabalhava durante o dia e ia me ajudar à noite. Minha mãe me incentivou a não desistir, tive muitas queimaduras com o tacho e os respingos do torresmo. Eles sempre cuidaram de mim”.
Ela se reergueu
A maquiadora (e quituteira) passou a trabalhar no salão de manhã e à tarde, e a partir das 17 horas fazia o “Happy Hour da Beleza” para a clientela. A ideia foi tão boa que uma das clientes resolveu comemorar o aniversário da filha com os torresmos. “Depois de comer e beber, eles perceberam que esqueceram do bolo para cantar os parabéns. Foi aí que não deixei eles saírem sem apagar a velinha, fui para a cozinha e montei um bolo com o torresmo de rolo que tinha lá e alguns ingredientes que estavam na geladeira. Coloquei a velinha e levei para eles, que tiveram uma baita surpresa em ver um bolo de torresmo. A partir daí, todos começaram a fazer fotos e vídeos e mandar para a família. E lá começou a chamar de Bolorresmo”.

Depois de viralizar com esse petisco inusitado, Paola começou a ser reconhecida. A maquiadora foi convidada a participar do Comida Di Buteco, que elege os melhores bares da cidade. “O rapaz perguntou onde eu fazia torresmo e me fez o convite para participar do concurso de 2023. Eu já conhecia e fiquei emocionada em poder participar de um concurso em nível Brasil e foi aí que tudo aconteceu. Muitos fornecedores me procuraram para colocar as marcas deles e isso fez com que a Torresmeria fosse ainda mais divulgada. Sem dúvida nenhuma foi um marco na minha história”.
Paola é profissional da beleza há quase dez anos, e nos petiscos já são três. Ela conta que sempre foi um grande desafio empreender, encontrar equipe, parceiros, fornecedores, mas que faria tudo de novo se precisasse. “Nossa vida é isso, ser batalhadora, ter força de vontade para superar os obstáculos que surgem todos os dias.” A empreendedora ainda afirma que os sonhos continuam. “Busco constantemente melhorar meus serviços no salão e aprimorar o cardápio da torresmeria”.
- Sob supervisão de Diego Prazeres