Por Heloísa Gonçalves*
Foto: Londrina Cultura
Jornalista há 30 anos, redator e editor em veículos impressos (jornais e revistas), emissoras de TV, assessorias de comunicação institucionais e políticas, mídias sociais e agências de propaganda e marketing. Era assim que Antônio Mariano de Souza Júnior definia sua trajetória no jornalismo em seu currículo.
Duas linhas em um site não definem nem metade de quem Mariano foi. Com o anúncio de sua morte hoje pela manhã, jornalistas da cidade compartilharam nas redes sociais depoimentos emocionados sobre a vida do amigo, referência em jornalismo cultural na cidade.

Primeira edição do Jornal de Londrina em 1989. Na redação, Antônio Mariano, Ana Dalla Pria, Chico Amaro, Aurélio Albano, Benê Bianchi, “Mineiro” e Artur Boligian. Foto: Acervo pessoal/Artur Boligian.
A jornalista Telma Elorza, amiga de longa data de Mariano, anunciou o falecimento de Júnior no portal O Londrinense, fundado pelos dois colegas em 2019. “É com imensa tristeza que comunico a morte, na manhã desta segunda-feira (8), na Santa Casa, do jornalista Antônio Mariano de Souza Júnior, por trombose no intestino. Mariano, como era conhecido, tinha 59 anos e esteve presente na minha vida por 42 anos de amor e amizade. Ele deixa o companheiro José Américo Merlini e os irmãos Rogério e Ubirajara, cunhados e sobrinhos. Ele esteve presente em todos os momentos importantes da minha vida, assim como eu o acompanhei nos seus momentos de dor e de alegrias – com curtas ausências por períodos, quando a vida insistia em nos afastar. Trabalhamos juntos por quase 20 anos na Folha de Londrina e, depois, cada um foi para seu lado, mas sempre estávamos em contato”, publicou a jornalista.
Em entrevista ao Paraná Norte, Elorza contou que conheceu Mariano em 1982, quando passou no vestibular do meio do ano da Universidade Estadual de Londrina e começou a estudar Jornalismo. Júnior foi seu veterano, havia entrado na faculdade no primeiro semestre daquele ano, e a conexão foi instantânea. “Ele foi uma das primeiras pessoas que eu conheci e fiz amizade no curso de Jornalismo. A gente era muito igual, de gostar de rir e se divertir”, relembrou Elorza.
A parceria de quase 20 anos na Folha de Londrina cresceu a ponto de Telma e Antônio fundarem seu próprio jornal: O Londrinense, em 2019. Quando a jornalista Mirella Fontana sugeriu a criação de um portal, a primeira pessoa que Elorza pensou em convidar para fazer parte da equipe foi Mariano. “E nós começamos, mas justamente porque a gente era muito igual, estouradão também, não deu certo, a gente brigava muito. Ele preferiu se afastar para manter a amizade, porque a gente brigava por causa de edição, de probleminhas internos do jornal”, disse Telma, editora do O Londrinense, que reitera a importância de Júnior na criação do jornal.
Além da Folha de Londrina e O Londrinense, Elorza e Mariano trabalharam juntos por quase duas décadas na assessoria da ExpoLondrina, evento que está em sua 62ª edição no Parque de Exposições Governador Ney Braga. Telma explica que ela “fazia parte de Pecuária, ele cobria os shows, organizava as coletivas. E também trabalhamos juntos na Prefeitura, quando ele foi assessor do (Alexandre) Kireeff, assessor de imprensa lá da Prefeitura, e eu também estava lá trabalhando na assessoria. Nossa, ele vai fazer muita falta!”.

Antônio e Telma por volta dos anos 2000, na assessoria da ExpoLondrina. Foto: Acervo pessoal/Telma Elorza.
Telma também contou sobre o último encontro que teve com Mariano, na quarta-feira passada (03), quando descobriu que o amigo havia sido internado por conta de uma obstrução intestinal grave. A jornalista disse que correu até o hospital para falar com ele, porque estava a caminho da casa da mãe no interior de São Paulo. “Minha mãe estava com alguns problemas, eu tinha que vir ajudá-la. Aliás, eu ainda estou aqui, eu vou inclusive perder o velório e o funeral do meu amigo. Mas, eu fui lá na Santa Casa dar um beijo nele”.
Na UTI do Hospital Santa Casa de Londrina, Telma brincou “Júnior, a gente precisa parar de se encontrar no hospital, vamos nos encontrar em um lugar melhor, né? Ou então, você que precisa começar a me visitar no hospital, e não eu (visitar) você”.
Já no sábado (06), Antônio contatou Telma pela última vez por mensagem: “Reza por mim, tô entrando para fazer um cateterismo, descobriram trombos no intestino”. Ela tentou ligar e não teve resposta, não falou mais com o amigo.
O corpo do jornalista, que também era cantor por paixão, será velado a partir das 6h desta terça (9) na capela 2 da Acesf. O sepultamento está marcado para as 16h, no Crematorium Londrina.
- Sob supervisão de Diego Prazeres