Instituições vêm crescendo como nunca nos últimos anos e assumem, cada vez mais, o papel dos bancos tradicionais.
Por Marcos Garrido / Especial para o Paraná Norte
Foto: Sicoob;Divulgação
Na prática, as cooperativas já ofereciam, há alguns anos, boa parte dos serviços de um banco. Mas, com a explosão das plataformas digitais e a busca dos clientes por crédito mais barato e com menos burocracia, elas vêm registrando crescimentos próximos de 30% ao ano, número bem maior que a média do restante do Sistema Financeiro Nacional.
E esse avanço rápido, afirma quem é da área, foi estimulado por alguns fatores. Entre eles, justamente a oferta, cada vez maior, de serviços e produtos pelas cooperativas, que hoje se igualam aos dos bancos. Sem falar nas tarifas cobradas e nas taxas de juros dos financiamentos, quase sempre mais baixas.
Outro atrativo é que os cooperados são os donos do negócio. Ou seja, no fim do exercício fiscal, diferentemente dos bancos, que dividem os lucros com os acionistas, as chamadas sobras são distribuídas entre os associados, de acordo com a movimentação de cada um.
Bons números
A digitalização dos serviços financeiros foi outro aspecto que também democratizou o acesso às cooperativas. Os produtores rurais ainda são maioria, mas, um número cada vez maior de clientes de outras áreas, principalmente pequenos empresários e MEIs, vêm buscando as instituições.
E os números impressionam. Segundo o Banco Central, as mais de 800 cooperativas singulares do país reuniam, em março do ano passado, quase 7% dos R$ 4,8 trilhões depositados em todo o Sistema Financeiro Nacional.
Ainda estão distantes dos bancos, mas o crescimento tem sido constante e sustentável nos últimos 10 anos e há espaço para avançar ainda mais, afirmou o BC em seu último Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo.
“O cooperativismo já nasceu com o DNA da inovação“
No caso do Sicoob, uma das maiores confederações de cooperativas do país, com mais de 7,7 milhões de associados, presença em mais de 2.380 municípios e 335 cooperativas locais – uma delas a norte-paranaense Sicoob Ouro Verde -, os dados de janeiro deste ano mostram uma carteira de crédito acima dos R$ 177 bilhões e um crescimento, em apenas 12 meses, de mais de 22%.
O presidente do Conselho de Administração da Sicoob Ouro Verde, George Hiraiwa (foto acima), avalia que os bons números do setor são resultado de um conjunto de fatores, entre eles a ampliação do portfólio oferecido aos clientes, que deixaram de ser apenas produtores rurais, a inovação, com a digitalização dos serviços e, por mais paradoxal que possa parecer, também pela proximidade com o cooperado, que sempre encontra uma agência perto quando precisa de atendimento.
“O cooperativismo já surgiu com o DNA da inovação na Inglaterra do século XIX e é fruto dessa capacidade do ser humano de sempre buscar alternativas”. (M.G.)
“Enquanto bancos fecham agências, nós abrimos“
Já a Sicredi, primeira instituição financeira cooperativa do Brasil e também uma das maiores confederações do país, registrou, em janeiro passado, uma carteira de crédito com mais de R$ 214 bilhões e também vem crescendo acima dos 20% anualmente.
Com 7,5 milhões de associados e 2,6 mil agências, a Sicredi conta com mais de 100 cooperativas singulares e cerca de 40 mil colaboradores.
Carla Sonoda (foto acima), gerente da regional Norte da Sicredi Dexis, a maior cooperativa singular do sistema, diz que a proximidade, o bom relacionamento com o cliente, ainda são o grande diferencial do setor. “Estamos onde a comunidade precisa, não somente onde há resultados para a instituição, e, ao contrário dos bancos, que estão fechando agências, nós estamos abrindo”, afirma a gerente.
Ela também ressalta o salto dado pelo sistema financeiro nos últimos anos com a digitalização e diz que a pandemia ajudou a acelerar esse processo. “Hoje, o cliente pode estar no meio da lavoura e assinar um documento, mas ele também deseja um atendimento personalizado na agência e isso nós oferecemos”.
A gerente regional da Sicredi Dexis destaca ainda o fato de que, hoje, o cliente tem muito mais acesso à informação e pesquisa bastante antes de tomar uma decisão sobre qual instituição financeira escolher. “As pessoas sabem qual a taxa de juros, conhecem as várias opções de investimento e comparam, para ver quem, realmente, oferece as melhores condições”. (M.G.)
Sicoob Ouro Verde nasceu com R$ 615 mil em capital
A Sicoob Ouro Verde nasceu em 2002, pelas mãos de um pequeno grupo de empresários de Londrina e região, e pouco tempo depois, em maio de 2003, surgia o Sicoob Norte Paraná, já com 146 associados e R$ 615 mil em capital. Em fevereiro de 2019, veio a união com o Sicoob Amapá e a instituição passou a se chamar Sicoob Ouro Verde.
Com 60 agências em Londrina e outros 26 municípios do norte paranaense, do interior de São Paulo e Amapá, a Sicoob Ouro Verde tem, atualmente, mais de 90 mil cooperados e 400 colaboradores, soma R$ 2 bilhões de ativos e R$ 1,3 bilhão em financiamentos concedidos. (M.G.)
Sicredi Dexis começou com 25 produtores rurais
Prestes a completar 39 anos, a cooperativa Sicred Dexis, que surgiu da iniciativa de 25 produtores rurais e hoje tem cerca de 280 mil associados, mais de 113 agências em 109 municípios no norte e noroeste do Paraná e no centro leste de São Paulo, é a maior do sistema Sicredi no país. Aqui na região norte, são 22 agências, oito delas em Londrina. No distrito de Guaravera e no município de Cafeara a cooperativa é a única instituição financeira.
A Sicredi Dexis tem mais de 1.300 funcionários e também vem registrando crescimentos anuais acima dos 20%. Em agosto do ano passado, o balanço da cooperativa mostrou uma carteira de crédito com mais de R$ 6,6 bilhões e R$ 1 bilhão em patrimônio. (M.G.)
