Presidente da entidade detalha plano de ações integradas eleborado em conjunto com prefeitura e demais entidades civis
Por Diego Prazeres
Foto: Ranulfo Pedreiro/Acil
Uma grande e necessária revitalização total do chamado centro histórico de Londrina seria um presente mais que ideal para a cidade que neste ano completará nove décadas de emancipação política.
Mas como 10 de dezembro está “logo ali” e não há nada que indique uma revolução social, econômica e cultural na região a curto prazo, resta esperar que até o centenário de Londrina a população tenha o que comemorar nesse sentido.
A Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) está à frente de um complexo projeto que visa promover essa transformação do centro pelos próximos dez anos. Elaborado em conjunto com Prefeitura, UEL (Universidade Estadual de Londrina), Sinduscon Norte (Sindicato das Indústrias da Construção Civil), Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) e demais entidades civis, o plano contém cinco pilares com ações integradas visando o desenvolvimento da região.
O ponto de partida, segundo explica o presidente da Acil, Angelo Pamplona (foto acima), é a praça Willie Davids, trecho do Calçadão onde está localizado o Cine-Teatro Ouro Verde. “É um trecho tombado pelo patrimônio histórico e está muito degradado, não tem uma manutenção e um cuidado devidos. Então, que a gente comece por ali e a Prefeitura comprou essa ideia, fez um decreto, e várias secretarias municipais estão conosco pela revitalização do centro”, afirma ele ao Paraná Norte.
Pilares
A revitalização desse trecho faz parte de um dos pilares do projeto, que trata da valorização do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural do chamado “centro velho”, que ao mesmo tempo em que dispõe de espaços fundamentais em plena atividade, como o próprio Ouro Verde, o Museu Histórico, a Biblioteca Municipal, o auditório da Associação Médica de Londrina e o Sesc Cadeião, padece da ociosidade de outros dois locais icônicos que permanecem fechados: o Teatro Zaqueu de Mello e o Museu de Arte de Londrina (MAL).
“Nosso patrimônio histórico está todo ‘solto’, temos que incentivar que ele seja valorizado na cidade”, defende Pamplona. “E junto com o patrimônio histórico, o cultural, porque temos várias instituições no centro, como por exemplo, o Sesc Cadeião, que tem o museu do café e é um ativo cultural muito forte; temos o Museu de Arte de Londrina, mas que está parado; o Teatro Zaqueu de Mello também parado, e na Associação Médica de Londrina há um anfiteatro que dá para receber mais atividades culturais. Então, é trazer novamente um roteiro cultural para o centro, para que as pessoas possam frequentá-lo”.
“Queremos que as pessoas voltem a morar no centro“
Estimular o repovoamento do centro, atraindo novos moradores e trazendo de volta os que trocaram a região por outra área da cidade, é mais um desafio do projeto da Acil em conjunto com Prefeitura, UEL e demais entidades civis. “A moradia é um dos pilares do nosso projeto, para que as pessoas voltem a morar no centro, que ele seja atrativo, houve uma fuga muito grande de investimentos do centro para a Gleba Palhano e outras regiões, então esse é um fator, trazer mais moradores para o centro novamente”, afirma o presidente da associação comercial, Angelo Pamplona. “Junto com o fator moradia, o comercial acaba se fortalecendo também, porque onde há mais pessoas o comércio acaba tendo um fortalecimento maior”, aponta. (D.P.)
Polo gastronômico à noite
Por fim, outro pilar do plano de revitalização do centro é o gastronômico, com ações que estimulem o consumo no período noturno. “Hoje a pessoa sai do trabalho ou mesmo que vá a um evento no Teatro Ouro Verde, não tem onde comer, está tudo fechado à noite. Queremos que a gastronomia seja mais uma alavanca para o repovoamento do centro”, diz Angelo Pamplona.
E há previsão de que alguma dessas ações comece a sair do papel ainda nos 90 anos da cidade? “Do papel já saiu. A gente sabe que não vai conseguir todos esses projetos prontos nos 90 anos de Londrina, mas que eles sirvam para alguma coisa estar pronta ou já ter começado”, responde, ponderando que o projeto é de execução a longo prazo e prevê inclusive a retomada das obras do Teatro Municipal, abandonadas há mais de dez anos. “[O projeto] Acaba no centenário da cidade”, estima Pamplona. (D.P.)
Problema social, população de rua preocupa
Qualquer ação que vise revitalizar o centro histórico de Londrina passa pela busca de uma solução conjunta a um problema que vem se agravando na região desde a pandemia de Covid-19, em 2020: o aumento da população de rua. São pessoas em situação de vulnerabilidade social que por vezes resistem a programas de assistência social da prefeitura, o que as mantêm suscetíveis à dependência química e a uma convivência conflituosa com moradores, comerciantes e quem quer que frequente ou passe por ali diariamente, de dia ou de noite.
O presidente da Acil, Angelo Pamplona, diz que essas pessoas pecisam de um “tratamento humanizado”, mas defende que “o acolhimento ou tratamento de pessoas em situação de rua e, especialmente, de dependentes de substâncias, é uma prerrogativa do poder público”. Ele avalia que a situação está piorando e acaba “atrapalhando as atividades comerciais” e que o problema vem sendo discutido em sua gestão nos núcleos do Programa Empreender, na Comissão de Segurança e em conversas com a Prefeitura e a Câmara de Vereadores.
“Sabemos que cada pessoa tem a sua história e a solução passa por um tratamento humanizado. O que não podemos aceitar é que o comerciante, que paga impostos para ter condições mínimas de trabalho, encontre seu estabelecimento diariamente vandalizado ou ameaçado. A Acil vem propondo, questionando, cobrando, sugerindo, pressionando. E vamos continuar até que possamos trabalhar com dignidade”, afirma. (D.P.)
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