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No Norte, só cidades da Regional de Londrina terão vacina contra dengue

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Imunização começa em fevereiro; doses adquiridas são suficientes para apenas 3,5% do público-alvo até o final de 2025

Por Nelson Bortolin

Foto: Vivian Honorato/Ncom

No Paraná, os 21 municípios que integram a 17ª Regional de Saúde de Londrina e os 9 da 9ª Regional de Saúde de Foz do Iguaçu vão começar a vacinar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos contra a dengue no mês de fevereiro. Ainda não se sabe o dia exato do inicio da vacinação porque as doses não foram distribuídas pelo Ministério da Saúde.

As cidades da Regional de Londrina são: Alvorada do Sul, Assaí, Bela Vista do Paraíso, Cafeara, Cambé, Centenário do Sul, Florestópolis, Guaraci, Ibiporã, Jaguapitã, Jataizinho, Londrina, Lupionópolis, Miraselva, Pitangueiras, Porecatu, Prado Ferreira, Primeiro de Maio, Rolândia, Sertanópolis e Tamarana.

Essa é a primeira vacinação em massa contra a doença em todo o mundo. Mas a injeção vai demorar para chegar ao braço da maioria da população, já que o laboratório japonês Takeda Pharma, que produz o imunizante Qdenga, não tem capacidade para atender à demanda brasileira.

Neste ano, serão aplicadas somente 5,2 milhões de doses. Como são necessárias duas doses para alcançar a imunidade, apenas 2,6 milhões de pessoas poderão receber a vacina.

Para 2025, o Ministério da Saúde contratou mais 9 milhões de doses, suficientes para 4,5 milhões de pessoas.

Ou seja, até o fim do próximo ano só vão poder receber a vacina 7,1 milhões de pessoas. O número representa apenas 3,5% dos mais de 182 milhões de brasileiros que podem ser imunizados. A Qdenga foi aprovada para a população entre 4 anos e 60 anos de idade.

O fumacê voltou e está sendo aplicado por quatro veículos em Londrina – Foto: AEN

Por causa da baixa disponibilização de doses, o governo federal teve de definir prioridades. Vai iniciar a vacinação nos municípios com mais incidência de dengue. Serão beneficiadas nesta primeira fase 521 das 5.565 cidades brasileiras. A faixa etária entre 10 e 14 anos foi escolhida por se tratar da que mais apresenta internações pela doença.

Segundo o secretário municipal de Saúde de Londrina, Felippe Machado, só na cidade são 27 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Portanto, para vaciná-los com a primeira dose em fevereiro e a segunda dose três meses depois serão necessárias 54 mil doses. “Não sabemos quantas vamos receber, se virão todas essas doses ou se teremos de escalonar”, afirma.

Preocupação

Ele diz estar preocupado com a aceitação que a vacina terá na cidade diante do fenômeno crescente do negacionismo da ciência. “A onda dos anti-vacinas tem atrapalhado bastante o nosso trabalho nas campanhas de imunização contra a gripe, a covid e as doenças de forma geral”, conta.

Machado ressalta que a cidade deve enfrentar em breve uma nova epidemia de dengue e que os casos já aumentaram nas últimas semanas. “A situação agora é parecida com a do ano passado. O cenário é bem preocupante”, alega.

A boa notícia é que Londrina voltou a realizar o fumacê, que não pôde ser aplicado em 2023 por falta de insumos não enviados pelo Ministério da Saúde. “Estamos com quatro veículos percorrendo todas as regiões da cidade.”

O fumacê é importante, de acordo com o secretário, para matar o mosquito Aedes aegypti na fase adulta. Mas o mais importante quando se fala em prevenção da doença é evitar o nascimento do inseto. “Para isso, nós precisamos contar com a população que deve tomar todas as medidas que já conhecem dentro dos imóveis, ou seja, acabar com os criadouros.” É preciso evitar água parada. “O fumacê ajuda, mas não é a salvação da lavoura.”

A Saúde considera que o período sazonal da dengue começa no final de julho. Segundo a Agência Estadual de Notícias (AEN), o período sazonal 2022/2023, que fechou dia 31 de julho do ano passado, terminou com 135.064 casos confirmados da doença no Paraná e 108 óbitos.

Londrina está no topo do levantamento. Foram 34.815 casos. E também teve o recorde estadual de mortes: 29.

Neste ano, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (30) pela assessoria da Prefeitura, já são 703 casos confirmados e um óbito somente em Londrina.

Vacina está na rede particular a R$ 425 a dose

Para quem não quiser esperar a vacinação pelo SUS, o imunizante Qdenga já está disponível na rede particular. Em Londrina, a reportagem consultou duas clínicas e o preço é o mesmo: R$ 425 a dose. Portanto, para ter a imunização completa será preciso desembolar R$ 850. As clinicas parcelam o valor em até 8 vezes.

A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) não liberou a vacina para as crianças com menos de quatro anos e os adultos com mais de 60 anos por falta de estudos comprovando a eficácia nessas faixas etárias.

A Qdenga oferece proteção diferente para cada um dos quatro subtipos do vírus da dengue.

Os estudo duplo-cego, no qual um grupo de pessoas recebe a vacina e outro, um placebo, mostrou que a Qdenga oferece 69,8% de proteção contra o tipo 1 do vírus; 95,1% contra o tipo 2 e 48,9% contra o tipo 3.

Não foi possível aferir a eficácia para o tipo 4 porque os casos ocorridos desse subtipo foram poucos. As pessoas que participaram do estudo foram acompanhadas por 18 meses.

A eficácia global da vacina foi calculada em 80,2%. Ela foi capaz evitar 90,4% das internações.

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