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Indústria emprega quase metade dos trabalhadores de Arapongas

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Produção de móveis, principal atividade econômica da cidade, oferta 90% das vagas do Sine

Por Nelson Bortolin

Entre as 22 cidades do Paraná com mais de 100 mil habitantes, Arapongas é a campeã em empregos gerados pela indústria, setor que dá ocupação para quase metade dos trabalhadores com carteira assinada no município.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Arapongas tinha um estoque de 16.601 empregos na indústria em novembro de 2023, o que representa 46% do total de vagas na cidade.

Depois de Arapongas, Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, é o município que tem maior proporção de empregos no setor: 40%. Na terceira colocação, Apucarana concentra 39% de vagas formais na indústria.

Cidades maiores, com mais de 300 mil habitantes, como São José dos Pinhais (RMC), Cascavel (Oeste) e Ponta Grossa têm respectivamente 34%, 22% e 20% dos empregos na área industrial.

Em Maringá, a porcentagem é de 18%; em Londrina, de 13%; e em Curitiba, de 12%. Em todo o Paraná, a Indústria responde por 25% dos empregos formais.

PESO DO MÓVEL

Historicamente, a indústria moveleira é quem move a economia de Arapongas. Desde novembro do ano passado, por força da lei 14.728, assinada pelo presidente Lula (PT), a cidade é a Capital Moveleira Nacional.

No Sistema Nacional de Emprego (Sine) em Arapongas, 90% das vagas anunciadas são disponibilizadas pelas indústrias de móveis.

Segundo José Lopes Aquino, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), o polo moveleiro local é formado por 370 indústrias, que geram mais de 12 mil empregos diretos. “Embora a demanda nacional por móveis não esteja muito aquecida, a indústria moveleira vem empregando um volume razoável de pessoas. O mercado de trabalho no setor vem se mantendo estável nos últimos anos”, afirma.

José Lopes Aquino, presidente do Sima: “O mercado de trabalho no setor vem se mantendo estável nos últimos anos”
Foto: Divulgação

De acordo com o empresário, a cidade não dá conta de oferecer mão de obra capacitada para tanto emprego. “Normalmente a gente tem um pouco de dificuldade de preencher vagas, principalmente de mão de obra especializada”, alega.

Instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Instituto Senai de Tecnologia (IST) e o Centro Nacional de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário (Cetman), tentam resolver o problema, mas não conseguem. “Ajuda, mas não resolve porque existem funções de nível superior que eles não oferecem.”

O Sima, segundo ele, tem buscado parcerias com as instituições de ensino superior da região para tentar minimizar a dificuldade. “Queremos aproximar a indústria da universidade, viabilizando estágios e formando essa mão de obra qualificada.”

SALÁRIOS

O empresário garante que os salários pagos pelo polo moveleiro são atrativos. Um operador de máquinas, por exemplo, ganha cerca de R$ 2,8 mil. Uma costureira de estofados tem remuneração de aproximadamente R$ 3 mil. Estofadores ganham cerca de R$ 4 mil, e um engenheiro eletricista, por volta de R$ 7 mil.

A diretora de Desenvolvimento de Trabalho e Renda de Arapongas, Lilian Munhoz, que é responsável pelo Sine, confirma a falta de mão de obra para a indústria. E acrescenta que há também uma grande rotatividade de mão de obra entre os jovens. “Percebo que há um desinteresse grande dos jovens pelo emprego diferentemente das gerações anteriores. Hoje eles preferem fazer um trabalho ou outro pela internet e permanecer no conforto de casa.”

Ela diz que, em sua gestão, vem buscando aprimorar o serviço oferecido pelo órgão. “Estamos desenvolvendo um trabalho diferenciado, encaminhando as pessoas para mais de uma vaga. Realizamos um feirão do emprego, cadastramos os desempregados. Trouxemos de volta empresas que não estavam mais anunciando no Sine. Estamos segurando na mão do trabalhador e das empresas”, conta.

No dia em que a reportagem conversou com a diretora (15 de janeiro), havia 220 vagas em aberto só no polo moveleiro.

SINDICATO DOS TRABALHADORES

Carlos Roberto da Cunha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Arapongas (Sticma), é outro que reclama da falta de mão de obra qualificada para atender o polo moveleiro.

Os cursos oferecidos pelo Senai, segundo ele, são insuficientes. “Temos esbarrado bastante nessa questão da mão de obra”.

Cunha diz que o mercado de trabalho no polo está estável e tem “alguma sazonalidade”, com mais contratações nos finais de anos e “algumas” demissões no começo.

Sobre os salários, afirma que são “medianos”. “A remuneração é acima da indústria do vestuário e da alimentação por exemplo. Mas abaixo da construção civil”, conta

Dentro da indústria moveleira, o subsetor que melhor paga é o da estofados, entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. Na chamada linha reta, os salários estão entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil. (N.B.)

Tradição que atravessa gerações

Jovem aprendiz, João Pedro Fazan Reverso destoa do perfil traçado pela responsável pelo Sine em Arapongas, Lilian Munhoz, sobre a mão de obra na indústria moveleira. Ele começou a trabalhar na indústria de móveis aos 15 anos. Hoje tem 18 e atua no almoxarifado da Demobile, uma das maiores do município. Ele quer fazer carreira no polo.

João Reversa trabalha na indústria de Arapongas desde os 15 anos, influenciado pelo pai / Foto: Divulgação

Reverso diz que a produção de móveis está na cultura da cidade. “Meu pai trabalha na área moveleira desde sempre. Meus amigos também”, conta. Ele vai começar a faculdade de administração neste ano. “Meu plano é ir para a área comercial.”

O contrato como jovem aprendiz de Reverso está para acabar e ele acredita que será efetivado.  “Sinto que o pessoal da fábrica gostou de mim.” (N.B.)

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